Introdução
A indústria cultural se apresenta como um instrumento de grande poder, onde através da sua influência na formação de nossa identidade, acaba por alterar e enfraquecer a nossa autonomia, através de um processo de alienação. Existem diversos veículos desta poderosa indústria, entre os quais os mais utilizados atualmente são a televisão e a internet. Estes recursos da mídia são bem utilizados para adquirir a atenção de todos, para dominar as mentes e passar o que é o “melhor”, o ter e o ser um corpo idealizado.
Entre os adolescentes está sendo uma maneira de tentar fazer com que eles fiquem dentro de casa o maior tempo possível, fazendo com que percam o senso crítico, social e político, e passam a discutir qual a cor mais bonita da sandália da “moda”, qual o carro mais veloz, qual creme deixa a pele mais bonita, que blusa te deixa mais forte, itens esses totalmente dominados pela poderosa indústria cultural. Os jovens mostram-se atentos à imagem que têm, não tratam a roupa e o corpo de uma forma ingênua e desavisada. Têm consciência de que esta pode permitir o trânsito pelos espaços que querem freqüentar, ou impedir a circulação. O jovem da atualidade não absorve um estilo por tradição, mas faz uma escolha de estilos. (CASTRO, 2001)
Porém, esquecem dos riscos da má utilização destes recursos, de tal forma que diversas doenças estão diretamente ligadas a essa indústria, dentre as quais uma novidade se apresenta a Oneomania que é a doença do consumismo exagerado.
Esta doença foi identificada primeiramente em adultos, porém pesquisas revelam que a partir da adolescência já existem indícios da manifestação da doença. Através da mídia os adolescentes se inspiram e já sentem necessidade de comprar compulsivamente, seja para sentirem-se superior em relação aos colegas ou pelo simples fato de comprar. Os índices da doença já são tão alarmantes que já existem grupos de ajuda, para quem sofre desse mal.
O conhecimento e a ressignificação dos códigos culturais, tem sido uma grande estratégia de uma ideologia voltada para transformação de pessoas em consumidores, estas intervenções tem criado inúmeras patologias, tais como a bulimia, anorexia, vigorexia, e em especifico a oneomania, que tem uma forte relação com os jovens e a mídia, que no papel de mediadora acaba por agravar estas patologias tão propaladas nesta sociedade contemporânea.
Desenvolvimento
Antes de analisar a psicopatologia em si, devemos entender cada subtema, a adolescência, a estética, a mídia, o consumismo e só então a oneomania.
Podemos dizer que a fase da adolescência é uma das mais polêmicas, complexas, considerada idade da crise, "fase inquieta e conturbada", "período tenso", entre outros conceitos, e ousamos a dizer quase impossível de ser compreendidas pelos próprios e pelos adolescentes.
A adolescência como a própria origem da palavra diz, é a condição, processo, etapa aue um ser em desenvolvimento vive ("ad" = "em direção a" + "olescer" = "desenvolver/ tornar-se jovem, autônomo"). Nos dicionários, "o período que se estende da terceira infância até a idade adulta, caracterizado psicologicamente por intensos processos conflituosos e persistentes esforços de auto-afirmação. Corresponde à fase de absorção dos valores sociais e elaboração dos projetos que impliquem plena integração social (FERREIRA, 1975, p.39).
Pesquisadores como Stanley Hall (1904), consideram a adolescência como um novo nascimento, um período dramático marcado por conflitos e tensões. Estes adolescentes apresentam como objetivo curtir a vida se divertir, aproveitar o máximo o seu tempo livre, viver a sociabilidade com os amigos, e usufruir diferentes formas de lazer, e dos produtos da cultura de massa aparecem como os elementos que mais fortemente definem a condição dos adolescentes. O que faz com o tempo livre, raramente esteja ligado com atividades que possam desenvolver neles um senso critico a respeito da manipulação a qual estão submetidos. Usam e abusam do seu tempo livre a serviço do fortalecimento das idéias propagadas pela indústria cultural, sendo estas consideradas como "miséria cultural", e que ganham força nas praticas da juventude, que até já ganhou o título de "geração shopping center", sendo orientada de certa maneira pelo consumismo pelo modismo, dominada pela televisão.
Pode-se dizer que muitos adolescentes apresentam a preocupação com a estética, o culto ao corpo é presente cada vez mais cedo na vida desses meninos e meninas. Os hábitos saudáveis estão sendo deixados de lado por estarem virando obsessão. Inicialmente era uma maneira de manter ou recuperar a vitalidade e o bem estar físico, agora virou uma fixação, onde o que era cuidado acabou virando idolatria do corpo, e a este “culto” convencionou-se chamar de Corpolatria (culto exagerado ao corpo). Meninos sonhando com aqueles músculos, os chamados “sarados” e as meninas tendo sempre aquela ilusão do corpo perfeito, magérrimo, “corpo de modelo”, assim todos ficam felizes.
Muitas vezes para conseguir esse corpo ideal, passam por cima de outros aspectos indispensáveis para resultados saudáveis, às vezes por falta de informação ou por negligencia dos profissionais ligados a área, começam a freqüentar academias sem a idade adequada, sem acompanhamento medico, utilizando-se de produtos prejudiciais a saúde. Um corpólatra, nunca está satisfeito com o que vê diante do espelho, e acha que sempre tem algo para aperfeiçoar. O número de adolescentes que buscam emagrecer de formas variadas, muitas das vezes sem consulta médica, tomando medicamentos por conta própria, vem crescendo cada vez mais no país, devido a busca incessante para alcançar o “padrão” idealizado por estas mídias, acabam recorrendo às cirurgias plásticas, gastos excessivos com roupas e tratamentos estéticos, abuso da musculação e uso de anabolizantes, entre outros recursos.
Vale citar os adolescentes que fazem cirurgias plásticas por vaidade. Um público cada vez maior e, principalmente, bem mais diversificado recorre aos consultórios dos principais cirurgiões em busca, antes de qualquer outra coisa, de um maior “bem estar” com o próprio corpo. Os homens, que há cinco anos eram apenas 5% dos operados, estão contribuindo para engrossar as estatísticas. Hoje já representam 30% do total. Os jovens também estão recorrendo à plástica no Brasil como em nenhum outro país. Pacientes menores de 18 anos já chegam a 13% do total, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia, a estatística é de que no ano 2009.
Existe uma relação destes números com o que a grande mídia televisiva apresenta diariamente envolvendo a estética, uma vez que muitas adolescentes ficam na frente desta caixinha mágica de cores, e passam a querer ter o que chamam de padrão estético, dito “ideal”, que são explorados dentro da programação televisiva o tempo todo, onde dificilmente é possivel ver um artista fora destes padrões.
Quando um adolescente chega num grupo hoje e não está “antenado”, como eles dizem passa a ser considerada carta fora do baralho. Você ter o tênis, roupa, bolsas, acessórios de maneira geral de forma um indivíduo completo, tendo todos os olhares em volta de si.
Ao assistirmos televisão, não conseguimos admirar a parte artística e cultural que está incluída neste veiculo da indústria cultural, pois tudo foi programado para isso mesmo, devido a velocidade e intensidade destas imagens, a fisiologia ótica humana não está apta a alcançar tal rapidez, deixando que certas informações não sejam percebidas, e por outro lado, temos mensagens subliminares, que parecem não serem vistas porem sem percebermos sofremos influencias.
As imagens projetadas pela TV, arte consumida calçando meias e servindo café em confortáveis poltronas, é que se transportam para o deserto árido que se tornou a mente humana. A velocidade de sucessão destas imagens não permite contemplações, o olho cansa-se inutilmente em tentar fixar alguma cena (BENJAMIN, 1983, p.25).
Pode-se considerar que a televisão é como, "a vida que falta em nossas vidas" (MORIN, 1997). O espectador passa a transferir seus desejos, vontades, para aquela caixinha bem a sua frente, uma ilusão, como intuito de fugir da realidade.
Para Bauman (2004), o indivíduo da modernidade líquida se constitui por inúmeros mal-estares, sentimentos de aflição, insegurança, depressão, ansiedade; já que são constantemente ameaçados pela possibilidade de se tornarem supérfluos: lixo.
Na teoria da modernidade líquida pode ser observado um fato de extrema importância que está ocorrendo atualmente, que é a chamada oneomania (consumo exarcebado), uma doença que vem se verificando cada vez mais presente na sociedade contemporânea. O distúrbio pode atingir qualquer pessoa, independente de classe social, religião ou formação intelectual. Pode ser tratado por terapeutas, psicólogos, psiquiatra ou especialistas. O sexo feminino é o mais afetado por esta psicopatologia.
A doença pode estar associada a problemas de ansiedade, humor, dependências de substâncias psicoativas (álcool, drogas e medicamentos), transtornos alimentares (anorexia e bulimia) e descontroles impulsivos.
Com tudo o que vivemos, não só os adultos, como os adolescentes também passam a ser acometidos por alguns desses tipos de patologias, sem muitas vezes nem perceberem. A oneomania, conhecida como a “mania de comprar”,pode apresentar um primeiro sintoma quando a pessoa acredita que precisa,necessita de certas coisas que na verdade não precisa. Essa doença é considerada como um vício, como os alcoólatras, é algo que precisa de tratamento, e quanto mais cedo melhor. Enquanto está comprando, a pessoa sente alívio e prazer dos sintomas, que passado um tempo voltam rapidamente. O efeito do ato de comprar é semelhante ao de tomar uma droga.
A oneomania pode estar relacionada a diversos fatores que sirvam para aliviar sentimentos de grande frustração, vazio e depressão, em um desejo de possuir, de ter poder, que fica reprimido. Ao não conseguir dar vazão ao seu desejo, a pessoa sofre uma enorme pressão interna que a leva à necessidade de possuir coisas novas como única forma de prazer. O fator essencial para o controle desta psicopatologia é a organização financeira, saber quanto se ganha e quanto se gasta é a chave para o controle.
Metodologia
A pesquisa se caracteriza como uma pesquisa descritiva, com delineamento de estudo de campo, a pesquisa foi realizada através de dois questionários, o primeiro para a identificação do publico-alvo contendo 9 perguntas objetivas e o segundo contendo 3 perguntas objetivas para saber se o objetivo foi alcançado. A amostra foi constituída por um N de 38 alunos, com idades entre 15 e 17 anos, do Colégio Santa Mônica da unidade da Taquara-RJ. Foi realizado um evento, com orientação de uma psicóloga e apresentação de um vídeo, com o intuito de intervir para modificar essas e outras questões com relação a influência da mídia na vida desses adolescentes.
Se a maioria das respostas foi Não, fique tranqüilo, pois você está longe de ser um oneomaníaco.
Se a maioria das respostas foi sim, você deve dar importância a essa possível doença e se for o caso buscar. Mas somente um diagnóstico psicológico pode dizer se você é ou não um comprador compulsivo ou uma oneomaníaco. Quanto mais rápido for tratado, maiores são as chances de cura.
Nível 1 – 0 - não há indícios
Nível 2 - 1 ou 2 - levemente influenciado
Nível 3 - 3 ou 4 - moderadamente influenciado
Nível 4 - 5 ou mais - fortemente influenciado